A investigação sobre o assassinato do advogado Renato Nery ganhou novos desdobramentos após a confissão de Heron Teixeira Vieira Pena, policial militar e ex-integrante da Rotam, que admitiu ter recebido R$ 150 mil para executar o crime.
Preso desde o início de março, Heron detalhou à Polícia Civil que o acordo inicial previa o pagamento de R$ 200 mil, mas o valor final repassado foi inferior ao prometido.
Segundo revelou uma fonte ligada à investigação, Heron responsabilizou diretamente o casal Julinere Goulart Bentos e César Jorge Sechi, empresários de Primavera do Leste, como os mandantes do homicídio.
Ambos foram detidos temporariamente nesta sexta-feira (9), no condomínio de alto padrão onde residem em Cuiabá.
Ainda de acordo com o relato, a quantia paga foi dividida apenas entre Heron e o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, apontado como o executor de Nery.
A frustração pelo pagamento incompleto teria gerado tentativas de extorsão por parte dos envolvidos contra os empresários, numa tentativa de forçar o cumprimento do acordo financeiro.
A investigação aponta também o envolvimento de outros agentes públicos. O militar Jackson Pereira Barbosa, vizinho do casal, teria cooptado o também PM Ícaro Nathan Santos Ferreira, ligado à inteligência da Rotam, para fornecer a arma do crime uma pistola Glock G17 adaptada. Ambos foram presos em abril.
A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) já indiciou Heron e Alex por homicídio triplamente qualificado, com agravantes que incluem motivo torpe, pagamento de recompensa e uso de recurso que impediu a defesa da vítima.
Além disso, outros acusados foram implicados num suposto tiroteio forjado que teria como objetivo ocultar a arma usada no crime, em uma tentativa de desviar o foco das investigações.
Outro nome envolvido é o de Kaster Huttner Garcia, preso em abril. Ele teria atuado como facilitador logístico, sendo responsável por buscar a motocicleta utilizada na fuga após o assassinato.
O caso continua sendo desdobrado pelas autoridades, e a cada nova fase, mais detalhes sobre a complexa rede por trás da execução de Renato Nery vêm à tona.