A Câmara dos Deputados articula uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para limitar as decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida surge após um crescente impasse entre os poderes, especialmente no caso envolvendo o deputado Ramagem, acusado de envolvimento em tentativas de golpe de Estado.
O estopim foi a decisão da Primeira Turma do STF, que contrariou a votação da Câmara ao determinar que apenas os crimes cometidos após a diplomação de Ramagem fossem suspensos. A Câmara, por sua vez, havia decidido paralisar totalmente o processo contra o parlamentar, gerando um choque de interpretações constitucionais.
O argumento central da Câmara é que a decisão do STF viola princípios como a imunidade parlamentar e a separação entre os Poderes, pilares da República. A Casa Legislativa defende que não cabe ao Judiciário substituir o juízo político do Parlamento, especialmente em casos que envolvem a suspensão de processos contra parlamentares.
Em resposta, a Câmara ingressou com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no STF, buscando garantir a prevalência da votação que suspendeu a ação penal contra Ramagem. A ADPF deverá ser julgada pelo plenário do STF, prometendo um novo capítulo nessa disputa institucional.
"Se um órgão do Supremo não puder analisar entendimento fixado pela Câmara, haveria a dissolução da República" disse Dino, defendendo a atuação do STF.
A tensão entre os poderes reacende o debate sobre os limites da atuação do STF e a necessidade de preservar a autonomia do Legislativo. A PEC em articulação visa impedir que ministros do Supremo suspendam atos dos presidentes da República, do Senado e da Câmara por decisões individuais, buscando um novo equilíbrio na relação entre os poderes.
A situação de Bolsonaro, ex-presidente frequentemente alvo de decisões judiciais, adiciona um elemento de tensão ao cenário. A base de apoio do ex-presidente vê na atuação do STF uma perseguição política, enquanto o tribunal se defende sob o argumento de garantir o cumprimento da lei e a defesa da Constituição.
A disputa entre a Câmara e o STF não é um evento isolado, mas parte de um contexto mais amplo de polarização política e judicialização da política no Brasil. O embate entre os poderes promete novos capítulos e um impacto significativo no sistema político brasileiro.
*Reportagem produzida com auxílio de IA